O Presidente João Lourenço prestou, este sábado, aos jornalistas no final da inauguração do Complexo Hospitalar Pedro Maria Tinha "Pedalé", situado no Morro Bento, em Luanda.
Eis as declarações:
ANGOP- Muito boa tarde, Senhor Presidente!
As obras deste importante complexo hospitalar iniciaram em 2012 e, hoje, acontece a inauguração por parte de Sua Excelência Presidente da República. Com que impressão ficou, depois desta visita guiada de quase duas horas?
PR - De mais de duas horas…
Bom, fiquei com o sentimento de dever cumprido e, sobretudo, com a satisfação de termos vencido os diferentes obstáculos que encontrámos a partir do primeiro contacto que mantivemos com este hospital ainda em construção. Portanto, no mandato passado. De facto, 13 anos dizem tudo.
Desde o lançamento da primeira pedra, em 2012, até hoje, já lá vão 13 anos. Significa que, se não se conseguiu construir esta unidade em tempo útil, é porque houve problemas de vária ordem, que estiveram na base disso.
O primeiro grande desafio foi tirar esta unidade hospitalar da Casa Militar, porque entendemos que os militares precisam de ter um bom hospital militar. Já a Casa Militar não tem necessidade de ter hospital nenhum. Os militares da Casa Militar fazem uso do Hospital Militar.
Portanto, o primeiro grande desafio foi esse: ter como beneficiário dessa unidade a população no geral e não apenas quem era ou é militar ou funcionário, trabalhador da Casa Militar.
O segundo desafio foi procurar concluir a execução da empreitada em tempo útil, o que não foi possível, e forçou-nos a substituir o empreiteiro.
A partir daí, em que o empreiteiro foi substituído, a obra ganhou uma outra velocidade e eis que estamos aqui a inaugurar o grande Hospital General Pedro Maria Tonha “Pedalé”.
TPA - A minha questão está ligada ao esforço do Executivo no âmbito da construção de unidades sanitárias de referência, maior parte delas erguidas em Luanda. A capital continua a receber pacientes de todo o país. Existem esforços, ou melhor, existem projectos para desafogar Luanda, sobretudo para tratamento de doenças de alta complexidade?
Nós não estamos a investir só na cidade de Luanda. Um dos nossos grandes objectivos é precisamente evitar que grande parte dos doentes congestionem a cidade de Luanda. E na nossa estratégia de construção de infra-estruturas hospitalares, procuramos criar um cinturão, chamemos assim, de protecção à cidade Luanda. Ou seja, nas províncias periféricas a Luanda, nós construímos hospitais desta categoria, hospitais de 200 camas do nível terciário, e eu vou citar: o Hospital de Caxito “Guilherme Pereira Inglês”, Hospital do Sequele “Heróis do Kifangando”, o Hospital do Sumbe, inaugurado há relativamente pouco tempo, o Hospital de Ndalatando. Esses hospitais acabam por servir de zona tampão para conter os pacientes que viriam do interior do país com destino a Luanda.
Em Luanda, estamos a ampliar o número de unidades de nível terciário, e não só, e mesmo de outros níveis, porque, de facto, Luanda é a maior urbe de Angola. A população de Luanda é superior a de muitos países. Luanda tem muito mais de dez milhões de habitantes e, às vezes, parece que o número de hospitais que temos é suficiente. Mas não é!
Acabámos de inaugurar este, o Hospital Pedalé, vamos concluir a reabilitação e da ampliação do Hospital Américo Boavida, que passará a ser o maior hospital do país. Vai ter cerca de 600 camas. Temos o Cardeal Dom Alexandre do Nascimento; temos o Materno Infantil “Azancot de Menezes”; temos o Emílio de Carvalho e, mesmo assim, não chega.
Estamos na fase de construção do grande Hospital dos “Queimados”, que fica pronto no próximo ano. Mas, no interior do país, também estamos a prestar atenção à construção de hospitais de raiz ou na reabilitação de hospitais que se encontravam, de alguma forma, em estado já não muito recomendável.
Foram feitos importantes investimentos nas cidades do Lubango, Huambo. Na cidade do Kuito-Bié, foi construído um de raiz: o Walter Strangway.
Praticamente nas capitais de província estamos a fazer investimentos consideráveis também na construção de hospitais de nível terciário.
Nos municípios, não apenas no quadro do PIIM mas, de uma forma geral, estamos a investir também em hospitais do nível primário e secundário.
REDE GIRASSOL - A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, disse, durante o seu discurso, que o hospital conta actualmente com mais de 600 profissionais e a meta é chegar, pelo menos, aos 956.
Há perspectivas para a realização de novos concursos públicos no sector para atender esta lacuna ou estes quadros serão formados nesta instituição?
PR – O projecto de formação de profissionais de saúde é contínuo. Não tem limite de tempo. Nós vamos formar continuamente e não importa onde. Vamos continuar a formar no país e também no estrangeiro, sobretudo nas especialidades.
Nós estamos a executar, com algum sucesso, o programa que definimos para a melhoria da assistência médica e medicamentosa aos nossos concidadãos, reduzindo consideravelmente recursos que despendíamos, no passado, a evacuar doentes para o exterior até por razões não muito justificáveis, e esses recursos serem investidos no país.
O investimento está aí à vista e quando falo em investimento não estou a referir-me apenas à infra-estrutura física, à construção dos hospitais, mas também ao investimento na formação dos profissionais de saúde, formação local, nas nossas universidades, nestes hospitais do nível terciário que, no fundo, também estão a funcionar como centros de formação. Todos eles! O Cardeal do Nascimento, Anzacot, o Emílio Carvalho e este. Todos eles são unidades de formação prática dos nossos profissionais.
Portanto, este esforço duplo de investimento em infra-estruturas e na formação dos profissionais continua.
TVZIMBO - Depois da pandemia da Covid-19, em que Angola foi exemplo para o mundo no seu plano de resposta, o país voltou a registar, infelizmente, casos de cólera e agora também de sarampo. O país vizinho, a República Democrática do Congo, aqui na região de Kassai, enfrenta o surto de Ébola, com os números a subirem diariamente, o que de certa forma nos coloca sob alerta.
Senhor Presidente, no quadro da atenção que reserva ao sector da saúde, temos alguma acção concreta para tornar mais robusta a estratégia nacional de prevenção e combate às epidemias e também às grandes endemias?
É óbvio que existe esta estratégia. E, em relação a pandemias e endemias, o ideal é não pensarmos no tratamento, mas pensarmos sobretudo na prevenção.
Em relação ao surto de cólera que o país ainda vive, é com satisfação que constatamos que, embora ainda exista cólera em Angola, o número de mortes é quase nulo.
O que temos em média nos últimos dias, nos últimos dois, três meses, é um morto, zero morto, uma baixa, zero baixa, o que é muito bom e demonstra que, de facto, a cólera está controlada.
Quanto à Ébola, é evidente que estamos em estado de alerta, no sentido de evitar que a Ébola transborde a fronteira e passe para o nosso território, particularmente ali nas províncias do Leste de Angola, nomeadamente a Lunda Norte, que é aquela que mais directamente faz fronteira com os dois Kassai: Norte e o Kassai Sul.